Publicidade

Sophia de Mello Breyner Andresen

Portugal
6 Nov 1919 // 2 Jul 2004
Poeta

Publicidade

10 Citações



Os homens têm qualidades fundamentais. Têm todos de ser defendidos da dor e do sofrimento. Se a gente cortar um dedo a duas pessoas, dói da mesma maneira, mas nem todos tocam piano com esses dedos.
Uma grande necessidade de independência talvez torne as pessoas um bocado distantes, sabe, mas sem essa independência, elas também não podiam fazer nada.
De romances que a gente leu aos vinte e até achou óptimos, aos trinta já não gosta tanto, depois aos quarenta, aos cinquenta, já não os suporta.
Publicidade
À noite há mais disponibilidade, eu escrevo mais à noite. Vivo mais de dia, escrevo à noite. Infelizmente deito-me tardíssimo embora não queira mas porque há sempre coisas que vão ficando. Depois também à noite há mais sossego não há telefone...
Sou muito angustiada com as coisas: a criança que se queima, que cai à piscina, que é atropelada, nas outras coisas tenho uma certa entrega, acho que Deus se justificará a si próprio, eu não consegui justificá-lo. Não consigo perceber porque razão há morte, sofrimento, o mal, as tentações, mas tenho consciência que talvez não tenha capacidade para isso. Eu também não tenho capacidade para compreender matemática, quanto mais... os desígnios de Deus.
Com o tempo perdem-se as coisas. Eu acho que isso acontece às mulheres e aos homens. Depois vamo-nos perdendo a nós próprios, já não se tem a mesma imagem, já não se tem a mesma ligeireza, já não se tem a mesma leveza, já não se tem...
Publicidade

Eu nunca gostei de ser deputada, sempre achei que era uma coisa que não era para o meu género de trabalho, aquilo que eu poderia fazer. Custou-me horrorosamente, fez-me imenso mal à saúde. Eu sou muito irrequieta, sabe, quando escrevo ando de um lado para o outro, mexo-me, vou ao jardim, abro uma porta, vou buscar um livro. E estar ali sentada a ouvir falar, falar, falar, era uma agonia. Senti-me muito mal no Parlamento.
Eu às vezes penso como é que é possível que o Mundo seja tão mal governado. É tudo advogados e economistas, pessoas que têm uma noção muito parcial da realidade muito desencarnada...
Eu tive muito a noção que escrever para crianças tem uma importância política muito grande. A sociedade ocidental está profundamente dividida em classes, não só classes económicas mas classes culturais e, enquanto o operário não tem preparação para ler o livro que lê o professor, o universitário ou uma pessoa que estudou, a criança pode ler o mesmo livro. Pode-se-lhe fazer um livro de iniciação, de abertura, não é?
Se as crianças aprendessem poemas de cor em pequenas, se fosse uma parte integrante do ensino e até, se elas tivessem de dizer um poema de cor para serem admitidas a qualquer universidade, as pessoas passavam a falar melhor. Porque falar é próprio de todas as pessoas, não é só do médico, do engenheiro e onde se aprende a falar realmente é na poesia.
 
Publicidade

Facebook
Publicidade

Publicidade

© Copyright 2003-2021 Citador - Todos os direitos reservados | SOBRE O SITE