Opinião

De Principies e damas, de reis e rainhas, de castelos e territórios vive a história de amor e ódio, que baseados na herança, servem para a construção de uma tragédia do famoso escritor do mundo ocidental: William Shakespeare.

A tragédia vai ganhando forma nas convenções dos mortos e das gerações. O fantasmagórico aparece porém e, desvenda a Hamlet, uma realidade que para ele não existia, uma dissimulação.

Hamlet, filho do rei assassinado, tenta por diversas vezes desconstruir o real, acabar com o espectáculo e destruir o simulacro do rei presente, o simulacro construído por quem lhe matou o pai - legítimo rei da Dinamarca.

A corte interpreta as acções e dizeres de Hamlet como profunda loucura. Hamlet quase se sente um louco, mas o fantasma, dando-lhe a loucura, faz com que Hamlet não tenha tido uma vida simulada.

Hamlet, lúcido, apercebe-se cedo da diferença entre aparência e essência. Descobre que existe algo para além da aparência. O modo como tenta alcançar a essência, a verdade, revela-se algo trágico. Mas a luta e a coragem serão a maneira mais bela de se viver...

Hamlet é um homem de coragem e essa é a sua principal característica. A sua força vem da verdade e da essência e diz à mãe, rainha da Dinamarca:

Excerto

Nada por nada do que vos pedi.
Que esse balofo rei vos leve de novo à cama,
Vos belisque lascivo as bochechinhas,
Vos chame seu ratinho e dê um par de beijinhos sujos
Bem repenicados... Ou que com vosso colo brinque
Com os seus danados dedos e vos faça contar-lhe
Tudo o que disse e que não estou de todo louco.
Que só finjo. Era bom que lho dissésseis
Pois que bela, boa e séria rainha seria
Capaz de a tal sapão, morcego, velho gatarrão,
Ocultar tão queridos segredos? Quem faria tal?
Nota: Contra todo o senso e discrição
Abri a porta da gaiola e deixai
Que soltas voem aves como o famoso macaco
Que para experimentar gatinhou na jaula
E como ela foi a terra partindo a espinhadela.