Opinião
As Palavras é uma auto-biografia muito focalizada de Jean-Paul Sartre, sobre os temas da leitura e da escrita, que dão o título aos dois capítulos em que o livro se divide. Jean-Paul Sartre, já nos seus 60 anos, faz uma retrospectiva dos seus tempos de infância, até aos 11-12 anos, explicando o ambiente em que nasceu e cresceu, como começou o seu contacto com os livros, e as imensas dúvidas existenciais (!) que já sentia com 7 anos. Aprendendo a ler e tendo dissecado uma imensa biblioteca (do seu avô), antes ainda de ter entrado para a escola, tratando "tu cá tu lá" os grandes mestres da literatura e alguns filósofos, Sartre descreve os seus anos de infância que foram vividos quase como um adulto, em virtude das circunstâncias, bastante peculiares e interessantes, do meio em que cresceu e do seu relacionamento com a sua mãe e os seus avós (sobretudo o avô). Da mesma forma, fala das suas motivações para a escrita, de todas as etapas que percorreu, ainda na infância e a entrar na adolescência, como escritor. Além disso, Sartre fala das várias metamorfoses que sofreu, dos vários choques que apanhou e como recuperou deles, culminado com a visão, muito pessoal, da sua escrita, do papel da sua escrita, e do seu próprio papel na sociedade, das suas ambições, das suas desilusões, e da serenidade com que chegou ao final da sua vida em termos de cumprimento do seu papel como escritor.