Opinião
Thomas Mann, prémio nobel da literatura (1929), conhecido e estudado amplamente devido a obras diversas como "A Montanha Mágica", "Morte em Veneza", ou "Os Buddenbrook", tem na concepção deste livro um percurso sui generis...
Iniciado antes das suas obras mais populares, nunca chegou a ter o seu término efectivo (algo que se denota no final do livro; na versão portuguesa devidamente apoiada pelas notas do tradutor). O livro aparece sob a forma de um diário de memórias de Félix Krull.
Outrora um jovem de classe média alta (as descrições do livro levam-nos a crer que o conforto e fortuna da sua família são aparentes ); e sobretudo da sua capacidade inata para granjear favores, exercendo sedução sobre o círculo de pessoas que o rodeiam.
Narcísico, ambicioso, vaidoso, vê nesta flexibilidade de comportamentos - o que no entender de alguns pode ser analisado dentro do ramo clínico como esquizofrenia; no ajuizar moral de outros será apenas uma personalidade desprovida de carácter - a sua arma para a almejada ascensão social.
O livro, detalhado e minucioso, desilude pela sua incompletude; porque a segunda metade da obra, na qual Félix substitui um cavalheiro numa viagem pelo mundo (de resto,um acordo entre os dois) só chega até nós com a primeira parte da viagem (Paris-Lisboa).
Embora, sem dúvida, floreada e inventiva (permanece uma obra ficcional, convém lembrar) esta inclusão de Lisboa e todo o relato de sua estadia são um dos pontos de interesse da obra; de resto, é um tributo do próprio autor, filho de mãe portuguesa e que viajou a Lisboa por diversas vezes. Um livro a ler como complemento das obras de Thomas Mann.