Passamos toda a vida na obsessão permanente de converter a nossa identidade, a ideia de quem somos, numa coisa firme e que nos dê segurança, sem aceitar que a nossa identidade será a soma daquilo que queríamos ser com aquilo que não conseguimos ser, mais o que nos contaram que éramos. Isso para mim é uma característica assombrosa do mundo em que vivo. Não conseguimos descansar com a ideia de que somos uma soma de relatos. Não quer dizer que a nossa identidade seja falsa, digamos que é uma pequena ficção.
Notícias Magazine (DN) / 20060326