Em rigor, ninguém sabe à volta do quê e de quem gira o imenso poder de sedução que se experimenta na sociedade contemporânea da abundância. A sua lógica, no entanto, é cristalina. Quer nos anúncios quer nas notícias, os critérios de participação e de exclusão são claros. Em momentos cerimoniais como o das compras em massa que socialmente se impõe nesta quadra, percebe-se que no mundo simbólico digital, na realidade imaterial em que vivemos, a nossa história é contada todos os dias na televisão: se tudo correr bem, se rolarmos na grande roda da abundância, as boas noticias, ou seja, a publicidade, é o que nos é dirigido; caso contrário, um dia, sem querer, aparecemos no telejornal.
Público
/ 20051226