Uma boa parte dos portugueses tem com o trabalho uma relação que evidencia um pesado sentimento de culpa. (...) Um mês inteiro de ausência é coisa impensável para um quadro superior que se preze. E se, por acaso, um membro do Governo se atrevesse a ir tão longe, seria de imediato queimado na fogueira mediática e não escaparia, por certo, à primeira remodelação. (...)
Este sentimento de culpa deriva, sobretudo, do facto de, em Portugal, se confundir o número de horas de trabalho com os índices de produtividade. (...) É bom que se perceba que por aí não vamos lá.... As mais recentes estatísticas internacionais sobre índices de produtividade mostram que a Noruega ultrapassou os Estados Unidos da América e é hoje o número um mundial nesse «ranking». Curiosamente, é também o país europeu em que se trabalha menos horas por ano. Está tudo dito.
Diário Digital
/ 20030904