A exibição dos sinais exteriores de religiosidade nem sempre é sinónimo de liberdade. Acredito que essas manifestações exteriores de religiosidade têm muito menos a ver com a essência da fé monoteísta, fundamentalmente respeitadora do outro, do que com a afirmação por vezes agressiva de um particularismo exclusivista, da sobreposição da sua identidade acima das outras. O religioso não deveria ser confundido com a parada, a aparência, o superficial. Talvez por isso, e digo-o sem nenhuma ironia, tenho a esperança de ver um dia, nos encontros inter-religiosos, responsáveis vestidos "à civil" e não sob a capa de atavios religiosos que, servindo como marcadores de identidade, apenas sublinham as diferenças e não os traços de união
Público
/ 20031003