A política é a arte do compromisso, mas nenhum compromisso é sólido quando não se parte para ele com convicções e uma clara percepção do rumo que se quer seguir e dos limites que não se podem ultrapassar. Ora só conhece os limites que violam os seus princípios e convicções quem sabe dizer não, não e não.
Um dos dramas dos Governos modernos é que dominam bem os números e as estatísticas, mas com frequência nada sabem sobre a vida comum dos seus concidadãos.
Quando nos queixamos dos políticos que temos, devíamos começar por estar atentos à forma como os partidos fazem uns subir e esmagam outros. Sem que isso mude, nada do resto se alterará.
Se as leis podem evoluir para controlar os excessos, o mais valioso capital social de uma comunidade está para além das leis, está nas regras de comportamento não escritas que tornam insuportável aos seus membros conviver com o excesso de injustiça. Ou ser parte dessa injustiça.
A prosperidade evita os conflitos e favorece as democracias. Se desaparecer, porque atingimos os limites do crescimento, podemos regressar às regras mais violentas das sociedades pré-industriais.
Muitas vezes, aquilo que se tem por verdades adquiridas, ou aquilo em que se acredita de forma que não admite contestação, desencadeia com facilidade a intolerância. E os correspondentes mecanismos de penalização.
O que separa os países capazes de fazerem reformas daqueles onde só se muda por revoluções é possuírem ou não uma tradição de respeito pela diferença (ou pelo pluralismo) e o hábito de construírem um «terreno comum» mesmo que povoado por enormes divergências.
A vida numa sociedade livre e aberta implica que interiorizemos limites. Não limites impostos pelo Estado, mas pela cultura, pela educação, pela civilidade. São eles que nos obrigam a agir não apenas de acordo com leis que são sempre imperfeitas e intrusivas, mas seguindo os mesmos critérios de bom senso e equilíbrio sem os quais não poderíamos nunca conciliar o nosso direito a termos convicções fortes com o direito dos outros a que não lhas imponhamos. É isso que dá corpo a uma tolerância que queremos substantiva e não baseada no relativismo e na ausência de valores.
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