Não se trata de nenhuma questão transcendental, mas da ausência de uma discussão crítica em qualquer corpo político que se preze como democracia, ou seja: quais são as responsabilidades e as obrigações daqueles que governam? (...) Se governar é mandar, então deve haver quem obedeça. Se governar é administrar, então deve haver projectos, planos, bem como o compromisso de sua realização. O que não se pode mais admitir (de nenhum governo, de nenhum partido) é o espectáculo da eleição em que tudo é prometido e, depois, nada realizado. Com o agravante de sempre: esse do governante que se elege em nome da mudança «com tudo isso que aí está...», e depois usa os mesmos argumentos de sempre: falta pessoal, falta verba, falta isso, falta aquilo. Quando, de fato, o que está mesmo faltando é a consciência das responsabilidades de quem manda e dirige. Pois quem rege e administra tem o dever de preservar as instituições, o que, necessariamente, implica assumir os erros e as faltas cometidas pelos funcionários sob sua responsabilidade
Diário de Notícias
/ 20030919