Morre-se quando morrem pessoas que de facto amamos e nos amaram. E há mil formas de amar e de ser amado.

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Ninguém sabe o que é a morte, mas não faz muita diferença porque também nunca sabemos o que é a vida.

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Não há mortes naturais. Todas as mortes são injustas como uma culpa infundada, e inúteis como uma heresia.

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Aquele nada com que a morte nos confronta não é o nada vazio e morto, mas o nada enquanto véu da realidade verdadeira na sua ultimidade.

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A nossa sociedade da banalidade rasante, do consumismo enlouquecido, da espectacularização ridícula, da correria alienada e alienante, só pode ser o que é enquanto assente no tabu da morte. Se a morte voltasse ao pensamento sereno dos homens, ela imporia uma conversão.

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Para perceber uma sociedade, talvez mais importante do que saber como é que nela se vive é saber como é que nela se morre e se tratam os mortos.

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Impressiona-nos sempre a morte, não por ser a morte de este ou de aquele, mas por ela continuar a existir, sendo objectivamente um escândalo.

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A morte, a mim, aterroriza-me tanto quanto a ideia da eternidade. Parece-me tão intolerável ter de abandonar o jogo a meio quanto ter de o jogar para sempre.

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Com o passar do tempo, há dois sentimentos que desaparecem: a vaidade e a inveja. A inveja é um sentimento horrível. Ninguém sofre tanto como um invejoso. E a vaidade faz-me pensar no milionário Howard Hughes. Quando ele morreu, os jornalistas perguntaram ao advogado: «Quanto é que ele deixou?» O advogado respondeu: «Deixou tudo.» Ninguém é mais pobre do que os mortos.

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A longa vida não nos distancia da morte. Pelo contrário, ela vai-nos reconciliando com o fim na medida em que nos transforma paulatinamente em estranhos e marginais para as diversas contemporaneidades que vivemos

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