Se tem dúvidas se é viciado em trabalho, pode ter a certeza: você é. E outra coisa: você é infeliz

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O viciado em trabalho ou não compõe uma família ou é o patrono de uma família extremamente disfuncional onde há um défice frequente de afectos

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Numa era em que a mobilidade do trabalho é um imperativo, quando até no Japão está a desaparecer o emprego permanente, tem algo de insólito defender empregos vitalícios na função pública. (...) O verdadeiro problema é outro. Faltam é pessoas preparadas para tarefas mais exigentes. Para as contratar, sem a contrapartida do emprego vitalício, o Estado terá de lhes pagar bem, pelo menos tanto como pagam as empresas. Ora isso não irá acontecer. É o que já se passa, por exemplo, nos hospitais-empresas, afastando os melhores. Aí é que está o problema

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Frequentemente, a baixa produtividade e o elevado absentismo são apontados como problemas endémicos, resultantes de factores culturais que se prendem com a nossa natureza latina. Mas estes factores parecem deixar de ser relevantes quando o modelo de organização da empresa é importado. São também razões desta ordem que podem justificar a elevada produtividade dos portugueses emigrados. (...) A maioria das empresas portuguesas, públicas ou privadas, não têm esquemas de incentivos que relacionem a remuneração do indivíduo com a sua performance. E isto aplica-se tanto aos trabalhadores como às chefias

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Não se mudam, provavelmente em menos de uma geração, os hábitos de trabalho, a falta de pontualidade, as baixas qualificações da população activa e a dependência crónica do Estado dos nossos empresários. Não se altera, provavelmente em menos de uma geração, uma cultura generalizada de evasão fiscal, nem se destrói uma teia de pequenos poderes na administração pública que bloqueiam e criam vícios intransponíveis no curso da vida económica. (...) não basta, em matéria de produtividade, saber o que o Governo pode fazer pelo país, mas, sobretudo, o que o país pode fazer por si próprio

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Uma boa parte dos portugueses tem com o trabalho uma relação que evidencia um pesado sentimento de culpa. (...) Um mês inteiro de ausência é coisa impensável para um quadro superior que se preze. E se, por acaso, um membro do Governo se atrevesse a ir tão longe, seria de imediato queimado na fogueira mediática e não escaparia, por certo, à primeira remodelação. (...) Este sentimento de culpa deriva, sobretudo, do facto de, em Portugal, se confundir o número de horas de trabalho com os índices de produtividade. (...) É bom que se perceba que por aí não vamos lá.... As mais recentes estatísticas internacionais sobre índices de produtividade mostram que a Noruega ultrapassou os Estados Unidos da América e é hoje o número um mundial nesse «ranking». Curiosamente, é também o país europeu em que se trabalha menos horas por ano. Está tudo dito.

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O que trouxe a globalização? Uma fobia desenfreada das empresas em reduzir custos, entenda-se por uma forte contribuição para a taxa de desemprego um pouco por todo o mundo: criação de instabilidade económico-política

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Hoje, aos 35 anos, em alguns sectores de actividade, é difícil arranjar emprego. Com este ritmo, um dia destes esse limite baixa para 30 anos ou mesmo 25. Uma sociedade assim arrisca-se a perder as suas referências

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Na população adulta, um em cada dois portugueses não consegue funcionar na sociedade moderna, porque é um analfabeto funcional

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A qualificação média do trabalhador português não corresponde às necessidades produtivas de hoje

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