A ideia de Justiça não pode ficar refém das ideologias. Tem que ser aplicada, vivida como uma condição de liberdade. O que fundamentalmente me preocupa são as questões da equidade, do acesso, e da reflexão que é preciso fazer e que as pessoas tendem a ignorar, porque não lhes convém olhar de frente os problemas. Refiro-me, por exemplo, ao facto de os recursos serem finitos e as despesas com os tratamentos e as tecnologias crescentes, em espiral. Atualmente mesmo com contornos abjetos. Alguns laboratórios compram patentes e isso dá-lhes a liberdade de tornar determinados medicamentos quase inacessÃveis. Neste momento, estou a receber um tratamento que se tem revelado de uma enorme eficácia, mas vai custar uns milhares de euros. Haverá uma altura em que será necessário escolhermos se uns meses a mais de vida, com um custo incomportável, se justificam.
Entrevista Jornal de Letras (2015)