Conta-Corrente V
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A justiça está voltada para aquele com quem se é justo. A caridade está voltada para quem a pratica.
Morrer é uma dignidade que nem todos merecem. Porque alguns merecem apenas que a morte os suprima.
Por um lado não posso deixar de escrever. Por outro, reconheço que não tenho já nada a dizer. Então tiro a média e ponho-me sobretudo a imaginar o que deveria escrever.
Um Deus faz-te muita falta? Mas não mais que um Deus a ele. E é para isso que existes. Para ele a não sentir.
Como é subtil, milimétrico o desequilÃbrio do que escrevemos. Um breve desvio e é logo o insuportável para o leitor. Tudo porque a sua liberdade é o seu mais alto privilégio. E é assim difÃcil que se nos submeta.
A diferença que vai de ti aos outros, é que quando os outros morrerem, o universo continua.
Rimos francamente, se a piada vem de um tipo do nosso nÃvel. Rimos com deferência, se de um nÃvel superior. E só por condescendência sorrimos, se vem de um tipo de nÃvel inferior. É que o riso é uma concessão e nós somos muito ciosos da nossa importância.
É fácil que um escritor se não pareça com os outros. O que é difÃcil é que ele se pareça consigo.
O prazer que nos dá uma ideia de outrem com que concordamos, vem-nos da ilusão de que fomos nós que a inventámos. Até porque fomos. Mas só agora o soubemos.
Os grandes valores não se definem como se não define uma simples dor de dentes.
