Mia Couto
Moçambique
n. 5 Jul 1955
Escritor/Biólogo
n. 5 Jul 1955
Escritor/Biólogo
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A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós.
O silêncio não é a ausência da fala, é o dizer-se tudo sem nenhuma palavra.
A guerra, disse o adivinho, é uma espécie de serpente que matamos sem pisar a cabeça. Um pequeno descuido e eis que ela ressurge no escondido do capinzal.
A nossa vida é feita de esperas. E, afinal, basta uma palavra, uma só palavra para sermos deuses, isentos de esperas.
A gargalhada é mulher, o riso é masculino.
A melhor maneira de mentir é ficar calado.
A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores.
A saudade é um morcego cego que falhou o fruto e mordeu a noite.
A velhice é uma gordura na alma.
Quando se faz amor assim, de paixão total, fica-se longe das palavras. O encantamento é uma casa que tem o silêncio por tecto.
