Luís Vaz de Camões

Portugal
1524 // 10 Jun 1580
Poeta

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10 Citações



Lei é da Natureza / Mudar-se desta sorte o tempo leve: / Suceder à beleza / Da Primavera, o fruto; à calma, a neve; / E tornar outra vez, por certo fio, / Outono, Inverno, Primavera, Estio.
Porque, enfim, tudo passa; / Não sabe o Tempo ter firmeza em nada; / E a nossa vida escassa / Foge tão apressada. / Que quando se começa é acabada.
Porém, seja o que for: / Mude-se, por meu dano, a Natureza; / Perca a inconstância Amor; / A Fortuna inconstante ache firmeza; / E tudo se conjure contra mi, / Mas eu firme estarei no que emprendi.
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Aquela luz que a do Sol claro priva, / E a minha me cegou; / Aquele mover de olhos, minhas dores / Causando no olhar manso e divino.
Nunca, enfim, cousa bela e rigorosa / Natura produziu / Igual àquela forma e condição / Que as dores em que vivo estimo em nada.

Bem

O bem que aqui se alcança / Não dura por possante nem por forte; / Que a bem-aventurança, / Durável de outra sorte, / Se há-de alcançar na vida pera a morte.
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Ai de mim, que me abraso em fogo vivo, / Com mil mortes ao lado, / E, quando morro mais, então mais vivo! / Porque assi me há ordenado Meu infelice estado / Que, quando me convida A morte, pera a morte tenha vida.
O meu peito, onde estais, / É, pera tanto bem, pequeno vaso.
Cega! que não conhece / Que pode haver ferida / Na alma, e que menos dói perder a vida!
O sutil movimento / Dos olhos, cuja vista Amor cegou.
 
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