Guia-me a só a razão.
Não me deram mais guia.
Alumia-me em vão?
Só ela me alumia.

Tivesse quem criou
O mundo desejado
Que eu fosse outro que sou,
Ter-me-ia outro criado.

Deu-me olhos para ver.
Olho, vejo, acredito.
Como ousarei dizer:
«Cego, fora eu bendito» ?

Como olhar, a razão
Deus me deu, para ver
Para além da visão —
Olhar de conhecer.

Se ver é enganar-me,
Pensar um descaminho,
Não sei. Deus os quis dar-me
Por verdade e caminho.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
// Consultar versos e eventuais rimas

1. Não Digas Nada!
2. Liberdade
3. Tenho Tanto Sentimento
4. Como Te Amo
5. Entre o Sono e Sonho
6. A Morte Chega Cedo
7. Chove. Há Silêncio
8. Dorme, que a Vida é Nada!
9. Sorriso Audível das Folhas
10. Põe-me as Mãos nos Ombros...
11. Feliz Dia para Quem É
12. Teus Olhos Entristecem
13. Chove. É Dia de Natal
14. Sonho. Não Sei quem Sou
15. Intervalo
16. Mensagem - Mar Português
17. O que Me Dói não É
18. Durmo. Se Sonho, ao Despertar não Sei
19. O Menino de Sua Mãe
20. Não: não Digas Nada!
... Ver todos os 90 poemas