A Origem do Mundo
De manhã, apanho as ervas do quintal. A terra,
ainda fresca, sai com as raÃzes; e mistura-se com
a névoa da madrugada. O mundo, então,
fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raÃzes sobem
numa direcção invisÃvel. De dentro
de casa, porém, um cheiro a café chama
por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez,
para que as raÃzes cresçam por dentro da
terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.
Nuno Júdice, in "Meditação sobre RuÃnas"
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