Jorge de Sena
23 Poemas
<< >>Ode à Mentira (11)
Crueldades, prisões, perseguições, injustiças,/ como sereis cruéis, como sereis injustas?/ Quem torturais, quem perseguis,/ quem esmagais vilmente em ferros que inventais,/ apenas sendo vosso ge...
Ascensão (12)
Nunca estive tão perto da verdade./ Sinto-a contra mim,/ Sei que vou com ela./ / Tantas vezes falei negando sempre,/ esgotando todas as negações possÃveis,/ conduzindo-as ao cerco da verdade,/ qu...
Ser (13)
Cansada expectativa tão ansiosa/ que ser só eu na minha vida espalha!/ Na longa noite em que se tece a malha/ do que não serei nunca, fervorosa/ / minha presença rútila e curiosa/ arde sombria c...
Exactidão (14)
Levam as frases sentido/ que uma cadência lhes dá:/ sentido do não-vivido/ a que fica reduzido/ o que, escolhido, não há./ / Do imo do poder ser,/ onde o não-sido se arrasta,/ ouvi cadências c...
Ode ao Destino (15)
Destino: desisti, regresso, aqui me tens./ / Em vão tentei quebrar o cÃrculo mágico/ das tuas coincidências, dos teus sinais, das ameaças,/ do recolher felino das tuas unhas retracteis/ - ah ent...
Eternidade (16)
Vens a mim/ pequeno como um deus,/ frágil como a terra,/ morto como o amor,/ falso como a luz,/ e eu recebo-te/ para a invenção da minha grandeza,/ para rodeio da minha esperança/ e pálpebras de...
Um EpÃlogo (17)
Quando estes poemas parecerem velhos,/ e for risÃvel a esperança deles:/ já foi atraiçoado então o mundo novo,/ ansiosamente esperado e conseguido/ - e são inevitáveis outros poemas novos,/ si...
Ter-te de Todas as Maneiras (18)
E, todavia, eu não quisera amar-te./ Mas ter-te, sim, de todas as maneiras./ Quem és e como és, de quem te abeiras,/ que dizes ou não dizes, pouco importa./ / E muito menos hoje me conforta./ Nes...
Ode ao Amor (19)
Tão lentamente, como alheio, o excesso de desejo,/ atento o olhar a outros movimentos,/ de contacto a contacto, em sereno anseio, leve toque,/ obscuro sexo á flor da pele sob o entreaberto/ de roup...
Baptismo (20)
Os mais difÃceis poemas onde falo de amor/ são aqueles em que o amor contempla./ / O amor esquece ao contemplar,/ esquece que não existe e encantado olha/ um raio anónimo sob o vento mais leve./ ...
