Pablo Neruda

Chile
12 Jul 1904 // 23 Set 1973
Poeta [Nobel 1971]

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Grita

Amor, quando chegares à minha fonte distante,
cuida para que não me morda tua voz de ilusão:
que minha dor obscura não morra nas tuas asas,
nem se me afogue a voz em tua garganta de ouro.

                Quando chegares, Amor
                à minha fonte distante,
                sê chuva que estiola,
                sê baixio que rompe.

                Desfaz, Amor, o ritmo
                destas águas tranquilas:
sabe ser a dor que estremece e que sofre,
sabe ser a angústia que se grita e retorce.

                Não me dês o olvido.
                Não me dês a ilusão.
Porque todas as folhas que na terra caíram
me deixaram de ouro aceso o coração.

                Quando chegares, Amor
                à minha fonte distante,
                desvia-me as vertentes,
                aperta-me as entranhas.

E uma destas tardes - Amor de mãos cruéis -,
ajoelhado, eu te darei graças.

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
// Consultar versos e eventuais rimas




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