António Nobre

Portugal
16 Ago 1867 // 18 Mar 1900
Poeta

Publicidade

Maes, Vinde Ouvir!

Longe de ti, na cella do meu quarto,
Meu copo cheio de agoirentas fezes,
Sinto que rezas do Outro-mundo, harto,
Pelo teu filho. Minha Mãe, não rezes!

Para fallar, assim, ve tu! já farto,
Para me ouvires blasphemar, ás vezes,
Soffres por mim as dores crueis do parto
E trazes-me no ventre nove mezes!

Nunca me houvesses dado á luz, Senhora!
Nunca eu mamasse o leite aureolado
Que me fez homem, magica bebida!

Fôra melhor não ter nascido, fôra,
Do que andar, como eu ando, degredado
Por esta Costa d'Africa da Vida...

António Nobre, in 'Só'
// Consultar versos e eventuais rimas




Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade

© Copyright 2003-2025 Citador - Todos os direitos reservados | SOBRE O SITE