Aqui, deposta enfim a minha imagem,/ Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem,/ No interior das coisas canto nua./ / Aqui livre sou eu — eco da lua/ E dos jardins, os gestos recebidos/ E o tumulto d...
Não quero recordar nem conhecer-me./ Somos demais se olhamos em quem somos./ Ignorar que vivemos/ Cumpre bastante a vida./ / Tanto quanto vivemos, vive a hora/ Em que vivemos, igu...
Aqui, diante de mim,/ Eu, pecador, me confesso/ De ser assim como sou./ Me confesso o bom e o mau/ Que vão ao leme da nau/ Nesta deriva em que vou./ / Me confesso/ Possesso/ De virtudes teologais,/ Q...
Onde começo, onde acabo,/ se o que está fora está dentro/ como num círculo cuja/ periferia é o centro?/ / Estou disperso nas coisas,/ nas pessoas, nas gavetas:/ de repente encontro ali/ partes de mim...
Não sei o que é conhecer-me. Não vejo para dentro./ Não acredito que eu exista por detrás de mim./ / Alberto Caeiro, in Fragmentos / Heterónimo de Fernando Pessoa...
saber/ é saber saber-te/ sabermo-nos unir/ / unirmo-nos/ é conhecermo-nos/ sabermos ser/ / por fim sermos/ é sabermos/ sabermo-nos/ / conhecermos/ a surda áspide/ / Ana Hatherly, in Um Calculador...
Seja o que for que esteja no centro do Mundo,/ Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,/ E quando digo isto é real , mesmo de um sentimento,/ Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterio...
Não canto a noite porque no meu canto/ O sol que canto acabara em noite./ Não ignoro o que esqueço./ Canto por esquecê-lo./ / Pudesse eu suspender, inda que em sonho,/ O apolíneo curso, e conhecer-me...
Quem somos, senão o que imperfeitamente/ sabemos de um passado de vultos/ mal recortados na neblina opaca,/ imprecisos rostos mentidos nas páginas/ antigas de tomos cujas palavras/ / não são, de cert...
Traço, sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano, / Firmo o projeto, aqui isolado, / Remoto até de quem eu sou. / / Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro, / O tique-taque estalado das máq...
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