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109 Poemas

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Testamento (71)

Na taça que eu lavrei quero que bebas/ O segredo profundo dos meus dias;/ E, dona do que é meu, de mim recebas/ Toda a riqueza que não conhecias./ / A taça é branca como um véu sem cor,/ E o se...

Benção (72)

Quando, por uma lei da vontade suprema,/ O Poeta vem a luz d'este mundo insofrido/ A desolada mãe, numa crise de blasfêmia,/ Pragueja contra Deus, que a escuta comovido:/ / — Antes eu procriasse...

A Noite de Pavese (73)

Raras vezes me franquearam a porta/ e me deixaram entrar. A febre/ sitia-me a alma e quem me vê/ assusta-se do aspecto do meu rosto,/ esta barba por fazer onde um rouxinol/ se esconde. E mais ainda ...
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Lamento do Poeta Objectivo (74)

Anda-me o amor tomando a própria vida,/ como se, amando, eu existisse mais./ E leva-me o Destino em voz traída,/ como se houvera encontros desiguais./ / A multidão me cerca, e, renascida,/ já del...

A Fernando Pessoa (75)

(Depois de ler seu drama estático O marinheiro em Orfeu I )/ / Depois de doze minutos / Do seu drama O Marinheiro, / Em que os mais ágeis e astutos / Se s...

Carta (a um Amigo que me Pediu Versos) (76)

Como hei-de ser um Petrarca,/ Cantar como um rouxinol,/ Se o meu termómetro marca/ Quarenta e dois graus ao sol!/ / Da lira bárbara e tosca/ Nem saem trovas d'Alfama./ Enxota o Pégaso a mosca,/ E ...
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A um Poeta Morto (77)

Quando a primeira vez a harmonia secreta/ De uma lira acordou, gemendo, a terra inteira,/ - Dentro do coração do primeiro poeta/ Desabrochou a flor da lágrima primeira./ / E o poeta sentiu os olho...

A Maior Tortura (78)

Na vida, para mim, não há deleite./ Ando a chorar convulsa noite e dia .../ E não tenho uma sombra fugidia/ Onde poise a cabeça, onde me deite!/ / E nem flor de lilás tenho que enfeite/ A minha ...
Livro de Mágoas

Um Calculador de Improbabilidades (79)

O poeta é/ um calculador de improbabilidades limita/ a informação quantitativa fornecendo/ reforçada informação estésica./ É uma máquina eta-erótica em que as discrepâncias/ são a fulgurÃ...

Imperfeição (80)

Sou eu poeta? Às vezes, penso e digo,/ Não sou poeta, não./ Não sou poeta porque não consigo/ Vencer o que em mim há de imperfeição./ / Sou eu poeta? E muitas vezes penso/ E sinto que o não ...
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