(A J. P. Oliveira Martins)
Já sossega, depois de tanta luta,
Já me descansa em paz o coração.
Caà na conta, enfim, de quanto é vão
O bem que ao Mundo e à Sorte se disputa.
Penetrando, com fronte não enxuta,
No sacrário do templo da Ilusão,
Só encontrei, com dor e confusão,
Trevas e pó, uma matéria bruta...
Não é no vasto mundo — por imenso
Que ele pareça à nossa mocidade —
Que a alma sacia o seu desejo intenso...
Na esfera do invisÃvel, do intangÃvel,
Sobre desertos, vácuo, soledade,
Vôa e paira o espÃrito impassÃvel!
Antero de Quental, in "Sonetos"
// Consultar versos e eventuais rimas