Mas quantas vezes a insónia é um dom. De repente acordar no meio da noite e ter essa coisa rara: solidão. Quase nenhum ruído. Só o das ondas do mar batendo na praia. E tomo café com gosto, toda sozinha no mundo. Ninguém me interrompe o nada. É um nada a um tempo vazio e rico. E o telefone mudo, sem aquele toque súbito que sobressalta. Depois vai amanhecendo. As nuvens se clareando sob um sol às vezes pálido como uma lua, às vezes de fogo puro. Vou ao terraço e sou talvez a primeira do dia a ver a espuma branca do mar. O mar é meu, o sol é meu, a terra é minha. E sinto-me feliz por nada, por tudo. Até que, como o sol subindo, a casa vai acordando e há o reencontro com meus filhos sonolentos.

Clarice Lispector, in Crónicas no 'Jornal do Brasil (1968)'

1. Respeite a Você Mais do que aos Outros
2. A Nossa Vitória de cada Dia
3. Aprendendo a Viver
4. Contrariar as Contrariedades
5. Sejamos Alegres
6. Viver o Hoje
7. Ser Feliz é uma Responsabilidade Muito Grande
8. Sabedoria é não Entender
9. Cadê Eu?
10. Estado Agudo de Felicidade
11. Respeito Muito o Homem que Chora
12. O Homem É
13. O Prazer é Abrir as Mãos
14. Amor com Incompreensão
15. Ninguém me Ama a Ponto de Ser Eu
16. Eu Queria uma Liberdade Olímpica
17. Em Busca do Outro
18. Sentir a Felicidade
19. Uma Vida Maior
20. O Que me Mata é o Quotidiano
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