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Afonso Duarte

Portugal
1 Jan 1884 // 5 Mar 1958
Poeta

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Carta a um «Amor»

Recordo, Margarida, as tardes quando
Cata no Marão o Sol de Julho!
Meu ranchinho de rolas rorolando,
Vós éreis meu orgulho.

O ar como um veludo, os ares tão macios,
Ó tardes do jardim! à fonte da água, aos fios,
íamos todos nós era tão alegre bando
Que desde que eu o não sinto
Sou como um corpo extinto,
Não sinto ora nem quando.

E estar de vós tão longe
Cá neste meu terreno onde pareço um monge,
Sem uma linha, um verso
Desse Corgo sem par, a boa e madre
Terra como outra assim não haverá,
Montanhas que no Céu têm aquase o berço!
Escreve, Margarida, ao teu compadre,
Vá!

Quero que diga
Florinda como vai, e vai assim Loreto,
Lindo pajem, que linda em seu veludo preto!
E os mais amorzinhos, rapariga,
Os que tua amizade aí me deu!

Na alma dum poeta, vê-se nela o céu:
E assim
A tudo, Margarida, o que o prendeu
Arrecada-o na vida, e para a morte.
Escreve mal, e daí, que não te importe,
Mas lembra-te de mim!
Saudades minhas: tudo bem por cá:
Escreve, Margarida, ao teu compadre, vá!

Amor destes meus olhos nunca enxuito,
Adeus — saudade:
                                  Adeus:
                                                    Amo-te muito, muito.

Afonso Duarte, in "Ritual do Amor"
// Consultar versos e eventuais rimas




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