Toda a paixão é, por natureza, triste, porque mortal. O prolongamento da vida acentua essa mortalidade e obriga-nos a trabalhar o amor com o afinco de uma obra de arte - que depende muito mais de imaginação e vontade do que dessa celebrada deusa nunca vista chamada inspiração.
A paixão anula as escolhas - impõe-se-nos como um caminho sem saída, ou com uma única saída. Também por isso é tão fácil de contagiar: escolher é difícil e causa sempre problemas.
Os bem-falantes não são os que mais dizem, mas os que criam, através de um discurso envolvente e mistificador - sem cuidar dessa frioleira intelectual que é a realidade - uma ilusão de proximidade com as pessoas.
Todos gostamos de receber cartas de amor - mas quando o amante hesita e acusa e pede espaço ao amado, não há palavras, por mais sublimes, que dêem asas a esse amor apeado. Nem ele as merece.
Desgastamo-nos a jogar às vítimas e aos verdugos, a fazer listas de culpas e vinganças, umas e outras pífias, frágeis balões para egos ufanos, mal talhados, embrutecidos por essa contrafacção do amor-próprio que é a vaidade.
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