O principal problema da vida política portuguesa (e não só) não vem do facto de os políticos dizerem uma coisa e fazerem outra, e não estarem preocupados com os interesses dos cidadãos. A principal dificuldade está na existência de uma democracia interna partidária que faz que todas as decisões sejam condicionadas por estruturas locais destituídas da menor coerência ideológica, vivendo em sistema de clientelismo ou corrupção (entre empreiteiros e dirigentes de futebol), e que têm como único objectivo na vida lutarem pela sua sobrevivência ao longo dos anos. Estão no PSD como podiam estar no PS, e vice-versa. Nada os distingue. Cultivam um nacionalismo paroquial. São capazes de tudo para se destruírem mutuamente. Vão ocupando os lugares do poder, os grandes e os pequenos. E convertem a vida política num clubismo voraz, em que vale tudo menos tirar olhos
Público
/ 20040701