A vida às vezes vive-se (...) às arrecuas, como o caranguejo. E, como este, é só uma questão de perspectiva. Tudo é relativo. Andar no sentido oposto às biqueiras da vida, não tem de ser forçosamente recuar. O prà frente é onde estiver a nossa luz. Ou onde a conseguirmos ver. Com ou sem fósforos.

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Há uma pequenina coisa que é uma importante coisa: é a ausência das coisas negativas. Ao passo que as pessoas mais exigentes da vida precisam que lhes aconteça alguma coisa de muito bom para estarem felizes ou contentes; outras, que têm outra maneira de encarar a vida, estão bem sem que lhes aconteça coisa nenhuma. E isto já é uma forma de estarem livres para saborearem o lado melhor da vida.

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São os factos que me interessam cada vez menos ou é a vida que é infinitamente mais interessante? É a política que, por se repetir nas suas glórias e misérias, já não surpreende, mesmo quando nos incomoda, ou é a vida «cá fora», entre o metro do Marquês e a Praça de Londres, que realmente conta para o «campeonato»?

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A vida é sempre um contraponto entre o infinito de certos momentos e a finitude de um quotidiano.

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A chave da nossa paz não se encontra no que temos, mas naquilo que somos. O objectivo da nossa vida é, justamente, ter a experiência de nós próprios

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Somos vencidos pela vida sempre que desperdiçamos, sem reparação, as pessoas que, gostando de nós, não conseguem ser o espelho que nos dá vida

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Quando abdicamos de imprevistos, de espaços novos na nossa vida, começamos a caminhar para a morte. Porque não conseguimos introduzir vectores de criatividade, de novidade nas nossas vidas

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A única solução que nos pode acompanhar até ao fim da vida é a mais complicada e saudável. É não querermos ser «eu» mas apenas mais inteligentes, tolerantes, sábios e interessantes; mais pensativos, mais abertos, mais divertidos, mais próximos do divertimento que é a vida - esse grande desvio (que é o autêntico significado de "divertimento"); uma distracção permanente

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Em Portugal morre-se de calor, morre-se de frio, morre-se estupidamente por falta de uma cultura de prevenção e de risco. Morre-se também porque à vida humana é dado um baixo valor quando comparado com a cotação dos bens de ostentação e consumo

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