Florbela Espanca

Portugal
8 Dez 1894 // 8 Dez 1930
Poetisa

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Que filtro embriagante
Me deste tu a beber?
Até me esqueço de mim
E não te posso esquecer!

Quadras
Há em tudo quanto fitas
Pureza igual à dos céus,
Até são belos meus olhos
Quando lá poisam os teus!

Quadras
Os teus dentes pequeninos
Na tua boca mimosa,
São pedacitos de neve
Dentro dum cálix de rosa.

Quadras
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Quem na vida tem amores
Não pode viver contente,
É sempre triste o olhar
Daquele que muito sente.

Quadras
Quando o teu olhar infindo
Poisa no meu, quase a medo,
Temo que alguém adivinhe
O nosso casto segredo.

Logo minha alma descansa;
Por saber que nunca alguém
Pode imaginar o fogo
Que o teu frio olhar contém.

Quadras
Tanto ódio e tanto amor
Na minha alma contenho;
Mas o ódio inda é maior
Que o doido amor que te tenho

Odeio teu doce sorriso,
Odeio o teu lindo olhar,
E ainda mais a minha alma
Por tanto e tanto te amar!

Quadras
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Dizem-me que te não queira
Que tens, nos olhos, traição.
Ai, ensinem-me a maneira
De dar leis ao coração!

Quadras
Eu sei que me tens amor,
Bem o leio no teu olhar,
O amor quando é sentido
Não se pode disfarçar.

Os olhos são indiscretos,
Revelam tudo que sentem,
Podem mentir os teus lábios,
Os olhos, esses, não mentem.

Quadras
Quando o olvido vier
Teu amor amortalhar,
Quero a minha triste vida,
Na mesma cova, enterrar.

Quadras
Meu coração, inundado
Pela luz do teu olhar,
Dorme quieto como um lírio,
Banhado pelo luar.

Quadras
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