Florbela Espanca

Portugal
8 Dez 1894 // 8 Dez 1930
Poetisa

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230 Citações

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Este anoitecer vai ser divino, como deves calcular. Foi sempre a minha hora de tragédia, a hora dos meus nervos dolorosos, dos meus pensamentos doidos; foi sempre, a noitinha, o meu grande calvário onde sobem devagarinho, em passos lentos, todas as minhas dores de muitos anos, todas as mágoas que me têm dado, e é nesta hora que eu rezo o meu verso, não sei de que soneto: "Ergue-se a minha cruz dos desalentos".

Correspondência (1920)
Vocês compreendem, um morto é um temível rival, um competidor seriíssimo que tem por si as mil vantagens que a ausência e a saudade lhe emprestam. A morte é o Reutlinger das recordações; na objectiva do coração foca-as para sempre em beleza imutável e única.

Contos - Os Mortos não Voltam (As Máscaras do Destino)
Os mortos são na vida os nossos vivos, andam pelos nossos passos, trazemo-los ao colo pela vida fora e só morrem connosco. Mas eu não queria, não queria que o meu morto morresse comigo, não queria! E escrevi estas páginas...

Contos - Dedicatória (As Máscaras do Destino)
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A memória prega-nos destas partidas: leva-nos coisas interessantes e deixa-nos as banalidades, os factos sem interesse.

Contos - Mulher de Perdição (O Dominó Preto)
Ser doido é a única forma de possuir e a maneira de ser alguma coisa de firme neste mundo.

Diário do Último Ano
Ó minha vã, inútil mocidade, trazes-me embriagada, entontecida!... Duns beijos que me deste noutra vida, trago em meus lábios roxos a saudade!

Citado por Agustina Bessa-Luís
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Não acuse a minha educação dos defeitos do meu carácter.

Correspondência (1930)

Dor

Mas se eu pudesse, a mágoa que em mim chora, contar, não a chorava como agora, irmãos, não a sentia como sinto!

Citado por Agustina Bessa-Luís
Eu fui, desde que principiei a conhecer a vida, a mulher sem lar, a mulher casada sem marido, sem lar, a que nunca tivera como todas as raparigas sonham, as horas doces dum noivado que até à morte de recorda.

Correspondência (1920)
Os olhos do meu cão enternecem-me. Em que rosto humano, num outro mundo, vi eu já estes olhos de veludo doirado, de cantos ligeiramente macerados, com este mesmo olhar pueril e grave, entre interrogativo e ansioso?

Diário do Último Ano
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