À medida que o tempo vai passando vamos ganhando outras perspetivas perante a vida, inclusivamente os nossos padrões estéticos vão evoluindo, o estilo vai-se transformando.
Nunca releio os meus livros. Acho sempre uma experiência dececionante a releitura porque acabo por encontrar coisas que preferia que não estivessem lá, ou por considerar que poderia ter feito melhor em determinadas fases da escrita. Portanto, sustenho-me de os ler.
Se me perguntarem se acredito na literatura como missão, direi redondamente que não, mas nesse plano acho que tenho o dever, como escritor, de tentar preservar todas as teclas da língua portuguesa. Se existem, é para serem usadas, não podem é ser usadas a torto e a direito.
Os velhos de um modo geral dão-se muito bem com as crianças, porque há ali grandes afinidades. Lidam mal é com a maturidade, que é autocrática, disciplinadora, e tem uma vocação didáctica que o velho não suporta.
A infância é sempre grande. Quando vemos os escritores que a frequentaram, como o Proust ou o Nobre, pensamos em termos de grandes infâncias, no mundo da infância. Mas ninguém fala de grandes velhices, a velhice encolhe.
A consciência da infância só existe na velhice, e é uma consciência de revisitação, de mitificação, não da factualidade. Todas aquelas histórias são mitificadas.
O que me interessa no convívio com os outros é aquilo a que poderia chamar a alma dos outros. E essa alma tem de ser escavada, ou ficamo-nos pela superficialidade, e eu faço isso através da escrita.
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