Miguel Torga
Portugal
12 Ago 1907 // 17 Jan 1995
Escritor/Poeta
12 Ago 1907 // 17 Jan 1995
Escritor/Poeta
69 Citaes
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As teorias de Freud estarão certas; mas o mito que fez nascer Vénus da espuma, também está.
Diário (1946)
A atitude de todo o artista verdadeiro não pode ser neste momento senão de inteira e franca comunhão com a grande massa do país. Os artistas não constituem uma classe. São livres e mágicos servidores de quem tem a verdade e a história pelo seu lado. Ora, a verdade e a história estão, como sempre estiveram, do lado do povo.
Diário (1945)
O que me dá paz em alguns lugares é eu ter a sensação (e muitas vezes a certeza) de que por eles nunca passou a ferradura de nenhum Átila; de que tudo permanece virginal como o deixaram os glaciares, e sou eu o primeiro pecador a quebrar-lhe o encanto.
Diário (1943)
—Mas porque não deixa você de escrever durante uma temporada, para descansar? — perguntava-me hoje alguém.
— Porque era a mesma coisa que um crente deixar de rezar um mês ou dois, por higiene.
Diário (1942)
Estes meus contemporâneos lembram-me certos arbustos que nascem no côncavo de uma rocha, onde só uma rasa de terra é o possível pasto de qualquer avidez. Vivem de vagar, cautelosamente, não vá uma raiz mais imprudente consumir numa hora o que há-de ser comido em oitenta anos.
Diário (1946)
Quanto maior é um romance ou um poema, mais a sua magia nos separa da mão de barro que o escreveu.
Diário (1940)
Porque não tentava eu dar forma capaz a tudo quanto dizia, que era realmente belo? Porque não. Porque um homem não se escreve.
Diário (1938)
Nas duas grandes horas da Vida — a nascer e a morrer — o homem bebe sózinho o seu cálix. No trajecto entre os dois pólos, acobardado pela maior consciência da espessura da bruma, arregimenta amigos e companheiros. Mas a sua unidade é ele. Mesmo que consiga ter à volta a maior multidão — vai só.
Diário (1937)
