Arquipélago
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[Sobre os Açores] O cheiro doce do húmus, aquela delicada combinação de erva molhada, leite morno e bosta de vaca, provocava-lhe uma inesperada sensação de bem-estar.
Nenhum homem (...) podia considerar a sua vida completa até regressar a casa.
Não eram só as crianças que gostavam de histórias repetidas. Talvez a isto nos resumíssemos todos, pensou: ao conforto de um caminho já trilhado, que nos leva de regresso a casa.
Um homem passional, tão igualmente dado à destemperança súbita como a actos de irredutível nobreza.
O problema deste tempo (...) é o Bem reduzir-se tantas vezes à categoria de efeito colateral do Mal.
Quando uma pessoa quer muito acreditar numa coisa, é fácil reunir provas da sua existência.
Limitou-se a esticar o braço para receber o cumprimento da mulher, como se só agora ela se tivesse lembrado de o fazer. Sentiu a mão dela na sua, tépida como um pequeno pássaro febril, e teve a estranha certeza de que não voltaria a partir.
O homem culto acredita. (...) O ignorante, sim, desconfia.
Talvez nem ela própria se apercebesse do mal que uma beleza como a que possuía podia deixar atrás de si.
É melhor esperares antes de absolveres um pobre velho. Tempos houve que este homem não foi um pobre velho.
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Joel Neto
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