Um Sopro de Vida
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O que a nossa imaginação cria se parece com o processo que Deus tem de criar.
Eu não me aprovo porque mal consigo viver comigo mesmo. Faço quase o impossÃvel para ter isenção. Isenção de mim.
É preciso me amar como involuntariamente sou. Apenas me responsabilizo pelo que há de voluntário em mim e que é muito pouco.
Não se deve viver em luxo. No luxo a gente se torna um objecto que por sua vez tem objectos. Só se vê a «coisa» quando se leva uma vida monástica ou pelo menos sóbria. O espÃrito pode viver a pão e água.
Eu não tenho uma só resposta. Mas tenho mais perguntas do que outro homem pudesse responder.
Só me interessa escrever quando eu me surpreendo com o que escrevo. Eu prescindo da realidade porque posso ter tudo através do pensamento.
Quem manda em mim, se não sou eu? Pois eu não consigo me alcançar.
Descobri que eu preciso não saber o que penso – se eu ficar consciente do que penso, passo a não poder mais pensar, passo a só me ver pensar.
Qualquer um pode sonhar acordado se não mantiver acesa demais a consciência.
No acto de escrever eu atinjo aqui e agora o sonho mais secreto, aquele que eu não me lembro dele ao acordar. No que eu escrevo só me interessa encontrar meu timbre. Meu timbre de vida.
