Um Sopro de Vida

por: Clarice Lispector
Brasil
10 Dez 1920 // 9 Dez 1977
Escritora

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48 Citações

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Com uma vida pobre (e qual é a vida rica?) com a vida pobre eu me salvo dela através do imaginário. Só que meu imaginário não se faz através de acções e sim através do sentir-pensar que na verdade é sonho.
Eu sou o meu próprio espelho. E vivo de achados e perdidos. É o que me salva. Estou metida numa guerra invisível entre perigos. Quem vence? Eu sempre perco.
Sou um escritor enredado e perdido. Escrever é difícil porque toca nas raias do impossível.
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O sofrimento por um ser aprofunda o coração dentro do coração.
Escrever pode tornar a pessoa louca. Ela tem que levar uma vida pacata, bem acomodada, bem burguesa. Senão a loucura vem. É perigoso. É preciso calar a boca e nada contar sobre o que se sabe e o que se sabe é tanto, e é tão glorioso.
Não aguento muito tempo um sentimento porque passo a ter angústia e meu pensamento fica ocupado com o sentimento e eu me desenvencilho dele de qualquer jeito para ganhar de novo a minha liberdade de espírito. Sou livre para sentir. Quero ser livre para raciocinar. Aspiro a uma fusão de corpo e alma.
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Eu quero a verdade que só me é dada através do seu oposto, de sua inverdade. E não aguento o quotidiano. Deve ser por isso que escrevo. Minha vida é um único dia.
Eu escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler será por conta própria e auto-risco. Eu não faço literatura: eu apenas vivo ao correr do tempo. O resultado fatal de eu viver é o acto de escrever.
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