Ramalho Eanes
Portugal
n. 25 Jan 1935
MIlitar/PolÃtico/Estadista
n. 25 Jan 1935
MIlitar/PolÃtico/Estadista
13 Citações
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Eu diria que a democracia, hoje, está mais normalizada. A democracia representativa só é democracia crescente quando procura implicar cada vez mais os cidadãos na acção polÃtica. E sabemos que a participação dos portugueses é muito pequena.
A sociedade civil está menos participativa, e, portanto, menos capaz de defender as suas posições e interesses perante o poder, mais incapaz de fiscalizar o poder.
A democracia representativa está em crise, porque ela é só e pouco representativa. É muito fechada às elites que se cooptam e se reproduzem, não se abre convenientemente à sociedade civil e aos cidadãos, que devem ser obrigados a participar na decisão sobre as grandes questões.
Responsabilizo inteiramente Salazar por não ter sido capaz de ler a situação geopolÃtica determinada pelo fim da II Guerra Mundial, em que as colónias não tinham cabimento. Salazar não percebeu isso e acabou por nos condenar à descolonização inglória que produzimos. É o primeiro e grande responsável por isso.
A guerra é, por força da sua natureza, uma situação de excessos, em que o homem revela aquilo que tem de melhor e de pior. Isso muitas vezes nem depende propriamente de um comando incorrecto, mas de um medo incontrolável. O homem quando tem medo e quer sobreviver é capaz de tudo. Incluindo actos que são perfeitamente inaceitáveis.
Costuma dizer-se que o povo sabe o que quer e nunca se engana. Não é verdade. Mas um povo muito velho como o nosso acaba por ter, por razões de cultura e de subconsciente colectivo, uma grande sabedoria. Em alturas difÃceis e complicadas, essa sabedoria manifesta-se.
Sempre me preocupei mais com os homens do que com as organizações a que pertencem.
Com toda a sinceridade e distanciação que a vida me ensinou, devo dizer que nunca se está preparado para bem governar uma organização, seja ela a famÃlia, uma unidade, uma empresa, um paÃs.
Eu não sou um homem de conflitos, mas não sou de evitar conflitos por razões de conveniência.
Logo que passei a exercer actividade partidária, vi que não tinha nem predisposição nem condições – ou, se quiser, qualidades – para dirigir um partido.
