Uma coisa pode ter muita importância e não ser sagrada. O sagrado estabelece qualquer coisa como intocável. Como transcendente. Uma coisa em relação à qual eu tenho de ter respeito. E eu não tenho. Realmente, não tenho. Qualquer homem é igual a qualquer homem. As ideias valem o que valem os homens. Não há ideias sagradas. Uma lÃngua não é sagrada, um hino muito menos. Nada é sagrado, e é precisamente por nada ser sagrado que eu sou um homem, plenamente. Senão, sou um tÃtere. E isso eu rejeito.
Jornal Público, Ipsilon, 17 Novembro 2017