Álvaro de Campos
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

Portugal
n. 15 Out 1890


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100 Poemas

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Ali não Havia Eletricidade (81)

Ali não havia eletricidade. / Por isso foi à luz de uma vela mortiça / Que li, inserto na cama, / O que estava à mão para ler — / A Bíblia, em português (coisa curiosa), feita para protestan...

Escrito num Livro Abandonado em Viagem (82)

Venho dos lados de Beja. / Vou para o meio de Lisboa. / Não trago nada e não acharei nada. / Tenho o cansaço antecipado do que não acharei, / E a saudade que sinto não é nem no passado nem no f...

O Frio Especial (83)

O frio especial das manhãs de viagem, / A angústia da partida, carnal no arrepanhar / Que vai do coração à pele, / Que chora virtualmente embora alegre. / / Álvaro de Campos, in Poemas ...
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Mas Eu (84)

Mas eu, em cuja alma se refletem / As forças todas do universo, / Em cuja reflexão emotiva e sacudida / Minuto a minuto, emoção a emoção, / Coisas antagônicas e absurdas se sucedem — / Eu o ...

A Plácida Face Anónima de um Morto (85)

A plácida face anónima de um morto. / / Assim os antigos marinheiros portugueses, / Que temeram, seguindo contudo, o mar grande do Fim, / Viram, afinal, não monstros nem grandes abismos, / Mas pra...

Cruz na Porta (86)

Cruz na porta da tabacaria! / Quem morreu? O próprio Alves? Dou / Ao diabo o bem-estar que trazia. / Desde ontem a cidade mudou. / / Quem era? Ora, era quem eu via. / Todos os dias o via. Estou / Ag...
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Há Mais de Meia Hora (87)

Há mais de meia hora / Que estou sentado à secretária / Com o único intuito / De olhar para ela. / (Estes versos estão fora do meu ritmo. / Eu também estou fora do meu ritmo.) / Tinteiro grande...

O Esplendor (88)

E o esplendor dos mapas, caminho abstracto para a imaginação concreta, / Letras e riscos irregulares abrindo para a maravilha. / / O que de sonho jaz nas encadernações vetustas, / Nas assinaturas...

Vilegiatura (89)

O sossego da noite, na vilegiatura no alto; / O sossego, que mais aprofunda / O ladrar esparso dos cães de guarda na noite; / O silêncio, que mais se acentua, / Porque zumbe ou murmura uma coisa ne...

A Fernando Pessoa (90)

(Depois de ler seu drama estático O marinheiro em Orfeu I )/ / Depois de doze minutos / Do seu drama O Marinheiro, / Em que os mais ágeis e astutos / Se s...
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