Ricardo Reis
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

Portugal
n. 19 Set 1887


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128 Poemas

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A Vida Mais Vil Antes que a Morte (111)

O sono é bom pois despertamos dele/ Para saber que é bom. Se a morte é sono/ Despertaremos dela;/ Se não, e não é sono,/ / Conquanto em nós é nosso a refusemos/ Enquanto e...

Homem, um Corpo Choro! (112)

Aqui, dizeis, na cova a que me abeiro,/ Não 'stá quem eu amei. Olhar nem riso/ Se escondem nesta leira./ Ah, mas olhos e boca aqui se escondem!/ Mãos apertei, não alma, e aqui jazem./ Homem, um c...

Porque me Negas o que te não Peço (113)

A flor que és, não a que dás, eu quero./ Porque me negas o que te não peço./ Tempo há para negares/ Depois de teres dado./ / Flor, sê-me flor! Se te colher avaro/ A mão da infausta esfinge, t...
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Se a Vida Fosse Sempre Vida (114)

Felizes, cujos corpos sob as árvores/ Jazem na úmida terra,/ Que nunca mais sofrem o sol, ou sabem/ Das doenças da lua./ / Verta Eolo a caverna inteira sobre/ O orbe esfarrapado,/ Lance Netuno, em...

Eternamente Inscritos na Consciência dos Deuses (115)

Bocas roxas de vinho,/ Testas brancas sob rosas,/ Nus, brancos antebraços/ Deixados sobre a mesa;/ / Tal seja, Lídia, o quadro/ Em que fiquemos, mudos,/ Eternamente inscritos/ Na consciência dos d...

Deixai a Vida aos Crentes Mais Antigos (116)

Vós que, crentes em Cristos e Marias,/ Turvais da minha fonte as claras águas/ Só para me dizerdes/ Que há águas de outra espécie/ / Banhando prados com melhores horas/ Dessas outras regiões p...
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Da Nossa Semelhança com os Deuses (117)

Da nossa semelhança com os deuses/ Por nosso bem tiremos/ Julgarmo-nos deidades exiladas/ E possuindo a Vida/ Por uma autoridade primitiva/ E coeva de Jove./ / Altivamente donos de nós-mesmos,/ Use...

A Flauta Calma de Pã (118)

De Apolo o carro rodou pra fora/ Da vista. A poeira que levantara/ Ficou enchendo de leve névoa/ O horizonte;/ / A flauta calma de Pã, descendo/ Seu tom agudo no ar pausado,/ Deu mais tristezas ao ...

Assim Choram os Deuses (119)

Os deuses desterrados./ Os irmãos de Saturno,/ Às vezes, no crepúsculo/ Vêm espreitar a vida./ / Vêm então ter conosco/ Remorsos e saudades/ E sentimentos falsos./ É a presença deles,/ Deuses...

Minhas São se as Tenho (120)

Os deuses e os Messias que são deuses/ Passam, e os sonhos vãos que são Messias/ A terra muda dura./ Nem deuses, nem Messias, nem idéias/ Que trazem rosas. Minhas são se as tenho./ ...
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