Ricardo Reis
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

Portugal
n. 19 Set 1887


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128 Poemas

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A Nada Imploram Tuas Mãos já Coisas (101)

A nada imploram tuas mãos já coisas,/ Nem convencem teus lábios já parados,/ No abafo subterrâneo/ Da úmida imposta terra./ / Só talvez o sorriso com que amavas/ Te embalsama remota, e nas mem...

Sofro, Lídia, do Medo do Destino (102)

Sofro, Lídia, do medo do destino./ A leve pedra que um momento ergue/ As lisas rodas do meu carro, aterra/ Meu coração./ / Tudo quanto me ameace de mudar-me/ Para melhor que seja, od...

No Mundo, só Comigo, me Deixaram (103)

No mundo, só comigo, me deixaram/ Os deuses que dispõem./ Não posso contra eles: o que deram/ Aceito sem mais nada./ Assim, o trigo baixa ao vento, e, quando/ O vento cessa, ergue-se./ / Ricard...
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Este Seu Escasso Campo (104)

Este, seu ‘scasso campo ora lavrando,/ Ora solene, olhando-o com a vista/ De quem a um filho olha, goza incerto/ A não-pensada vida./ Das fingidas fronteiras a mudança/ O arado lhe não tolhe, ne...

Passamos e Agitamo-nos Debalde (105)

Antes de nós nos mesmos arvoredos/ Passou o vento, quando havia vento,/ E as folhas não falavam/ De outro modo do que hoje./ / Passamos e agitamo-nos debalde./ Não fazemos mais ruído no que exist...

A Vida Leve (106)

Só o ter flores pela vista fora/ Nas áleas largas dos jardins exatos/ Basta para podermos/ Achar a vida leve./ / De todo o esforço seguremos quedas/ As mãos, brincando, pra que ...
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Quanto é Alto e Régio o Pensamento (107)

Ponho na altiva mente o fixo esforço/ Da altura, e à sorte deixo,/ E as suas leis, o verso;/ / Que, quanto é alto e régio o pensamento,/ Súbita a frase o busca/ ...

Sereno Aguarda o Fim que Pouco Tarda (108)

Sereno aguarda o fim que pouco tarda./ Que é qualquer vida? Breves sóis e sono./ Quanto pensas emprega/ Em não muito pensares./ / Ao nauta o mar obscuro é a rota clara./ T...

Ninguém Vê o Deus que Conhece (109)

Ninguém, na vasta selva virgem/ Do mundo inumerável, finalmente/ Vê o Deus que conhece./ Só o que a brisa traz se ouve na brisa/ O que pensamos, seja amor ou deuses,/ Passa, porque passamos./ / <...

Sentinelas Absurdas, Vigilamos (110)

Quem diz ao dia, dura! e à treva, acaba!/ E a si não diz, não digas!/ Sentinelas absurdas, vigilamos,/ Ãnscios dos contendentes./ Uns sob o frio, outros no ar brando, guardam/ O posto e a insciê...
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