Ricardo Reis
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

Portugal
n. 19 Set 1887


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128 Poemas

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Prazer, mas Devagar (51)

Prazer, Mas devagar,/ Lídia, que a sorte àqueles não é grata/ Que lhe das mãos arrancam./ Furtivos retiremos do horto mundo/ Os depredandos pomos./ Não despertemos, onde dorme, a Erínis/ Que c...

Quem nos Conhece, Amigo, tais quais Fomos? (52)

Nem da erva humilde se o Destino esquece./ Saiba a lei o que vive./ De sua natureza murcham rosas/ E prazeres se acabam./ Quem nos conhece, amigo, tais quais fomos?/ Nem nós os conhecemos./ / Ric...

Nada Tem Sentido (53)

Nos altos ramos de árvores frondosas/ O vento faz um rumor frio e alto,/ Nesta floresta, em este som me perco/ E sozinho medito./ / Assim no mundo, acima do que sinto,/ Um vento faz a vida...
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Não só Vinho, mas nele o Olvido (54)

Não só vinho, mas nele o olvido, deito/ Na taça: serei ledo, porque a dita/ É ignara. Quem, lembrando/ Ou prevendo, sorrira?/ Dos brutos, não a vida, senão a alma,/ Consigamos, pensando; recolh...

Se me Ainda Amas, por Amor não Ames (55)

Já sobre a fronte vã se me acinzenta/ O cabelo do jovem que perdi./ Meus olhos brilham menos./ Já não tem jus a beijos minha boca./ Se me ainda amas, por amor não ames:/ Traíras-me comigo./ / <...

O que Sentimos é o que Temos (56)

O que sentimos, não o que é sentido,/ É o que temos./ Claro, o inverno triste/ Como à sorte o acolhamos./ Haja inverno na terra, não na mente./ E, amor a amor, ou livro a livro, amemos/ ...
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Temo, Lídia, o Destino. Nada é Certo (57)

Temo, Lídia, o destino. Nada é certo./ Em qualquer hora pode suceder-nos/ O que nos tudo mude./ / Fora do conhecido é estranho o passo/ Que próprio damos. Graves numes guardam/ As lindas do que Ã...

Não Sei se é Amor que Tens, ou Amor que Finges (58)

Não sei se é amor que tens, ou amor que finges,/ O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta./ Já que o não sou por tempo,/ Seja eu jovem por erro./ Pouco os deuses nos dão, e...

Nada Fica de Nada (59)

Nada fica de nada. Nada somos./ Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos/ Da irrespirável treva que nos pese/ Da humilde terra imposta,/ Cadáveres adiados que procriam./ / Leis feitas, estátuas vista...

As Rosas Amo dos Jardins de Adônis (60)

As Rosas amo dos jardins de Adônis,/ Essas volucres amo, Lídia, rosas,/ Que em o dia em que nascem,/ Em esse dia morrem./ A luz para elas é eterna, porque/ Nascem nascido já o sol, e acabam/ Ante...
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