Ricardo Reis
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

Portugal
n. 19 Set 1887


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128 Poemas

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Aos Deuses Peço só que me Concedam o Nada lhes Pedir (61)

Aos deuses peço só que me concedam/ O nada lhes pedir./ A dita é um jugo/ E o ser feliz oprime/ Porque é um certo estado./ Não quieto nem inquieto meu ser calmo/ Quero erguer alto acima de onde ...

Sábio é o que se Contenta com o Espetáculo do Mundo (62)

Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo,/ E ao beber nem recorda/ Que já bebeu na vida,/ Para quem tudo é novo/ E imarcescível sempre./ / Cor...

A Alheia Soma Universal da Vida (63)

Como se cada beijo/ Fora de despedida,/ Minha Cloe, beijemo-nos, amando./ Talvez que já nos toque/ No ombro a mão, que chama/ À barca que não vem senão vazia;/ E que no mesmo feixe/ Ata o que mÃ...
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Inutilmente Parecemos Grandes (64)

O mar jaz; gemem em segredo os ventos/ Em Eolo cativos;/ Só com as pontas do tridente as vastas/ Ãguas franze Netuno;/ E a praia é alva e cheia de pequenos/ Brilhos s...

Coroai-me de Rosas (65)

Coroai-me de rosas,/ Coroai-me em verdade,/ De rosas —/ / Rosas que se apagam/ Em fronte a apagar-se/ Tão cedo!/ / Coroai-me de rosas/ E de folhas breves./ E basta./ / Ricardo Reis, in Odes

Certeza Única é o Mal Presente (66)

Pois que nada que dure, ou que, durando,/ Valha, neste confuso mundo obramos,/ E o mesmo útil para nós perdemos/ Conosco, cedo, cedo./ / O prazer do momento anteponhamos/ À absurda cura do futuro,...
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Não Sejamos Inteiros numa Fé talvez sem Causa (67)

Meu gesto que destrói/ A mole das formigas,/ Tomá-lo-ão elas por de um ser divino;/ Mas eu não sou divino para mim./ / Assim talvez os deuses/ Para si o não sejam,/ E só de serem do que nós ma...

Só Esta Liberdade nos Concedem os Deuses (68)

Só esta liberdade nos concedem/ Os deuses: submetermo-nos/ Ao seu domínio por vontade nossa./ Mais vale assim fazermos/ Porque só na ilusão da liberdade/ A liberdade existe./ / Nem outro jeito os...

Para os Deuses as Coisas São Mais Coisas (69)

Para os deuses as coisas são mais coisas./ Não mais longe eles vêem, mas mais claro/ Na certa Natureza/ E a contornada vida.../ Não no vago que mal vêem/ Orla misteriosamente os seres,/ Mas nos ...

Quanto Sinto, Penso (70)

Severo narro. Quanto sinto, penso./ Palavras são idéias./ Múrmuro, o rio passa, e o que não passa,/ Que é nosso, não do rio./ Assim quisesse o verso: meu e alheio/ E por mim mesmo lido./ / R...
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