Arrazoar então Sempre de Amor
Quisera, Guido, que tu, Lapo, e eu
fôssemos presa de um encantamento,
e postos num baixel que a qualquer vento
no mar andasse a prazer vosso e meu.
E que nem calma ou tempo como breu
dar nunca nos pudesse impedimento.
E assim que o estarmos juntos fosse o intento
sempre mais alto em nós como um troféu.
E Dona Vana e Dona Lágia, após,
e aquela mais que o contar trinta diz
a nós levasse o bom encantador.
E arrazoar então sempre de amor,
cada uma delas com o seu feliz
tal como eu creio que o seremos nós.
Dante Aligheri, in 'Poesia de 26 Séculos, Jorge de Sena'