Publicidade

Natércia Freire

Portugal
28 Out 1920 // 19 Dez 2004
Escritora

Publicidade

O Baile

Névoa em surdina
A sombra que acompanha
As finas pernas a dançar na tarde.
Jogo de jovens corpos.
Música de montanha,
Num tempo teu e meu
De eternidade.
E eu, as duas estranhas.

Olha quem toca o ponto
Que há no fim!
Ao fim de mim,
No ponto para que vim.
Ao fim de mim
No ponto donde vim.
Vulto de agulha
Em fumo de água e lenha.

Eu, as duas estranhas.

É sempre pelos outros que falamos.
Eu, as duas estranhas, por mim falam.
Em estradas como ramos
oscilamos. E vamos
Convergentes, dispersas, disparadas
Pêlos tiros de magos inocentes
Do caos ao sol
Em gradações de escadas.

Ouve-se às vezes uma voz: — Presente!
E já no corpo as almas vão trocadas.

Foi em concretos dias de sol-posto,
Em fábricas de fios de uma aranha,
Que se teceram
Em finíssimas teias de desgosto,
(Eu) as duas estranhas.

Natércia Freire, in 'Antologia Poética'




Publicidade

Publicidade

Outros Poemas de Natércia Freire:

Publicidade

Facebook
Publicidade

Inspirações

O Amor é Simples

Publicidade

© Copyright 2003-2021 Citador - Todos os direitos reservados | SOBRE O SITE