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António Patrício

Portugal
7 Mar 1878 // 4 Jun 1930
Escritor/Diplomata

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Unge-me de Perfumes

“Gosto tanto de ti...”, dizes. É pouco.
É das tuas mãos erguidas que eu preciso.
Vê bem, Amor: não é orgulho louco.
Para os outros eu sou apenas riso.

Unge-me de perfumes, minha amada,
Como certa Maria de Magdala,
Ungiu os pés d´Aquele cuja estrada
Só começou para além da vala.

Ama-me mais ainda, ó meu amor
Como aquela mulher ungiu o Cristo,
Unge o meu corpo todo, a minha dor...

Ela ungiu-o p´ra o túmulo, p´ra a Cruz.
Unge-me teu, p´ra o Sol por quem existo:
Viver é ir morrendo a beijar luz.

António Patrício, in 'Antologia Poética'




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