José Luís Nunes Martins

Portugal
n. 14 Mar 1971
Filósofo
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Aqueles que se Amam

Aqueles que se amam repetem os mesmos gestos e palavras, vezes sem conta. Sempre com sentido. Não se cansam.
Mas os que olham para o amor sem amar julgam tudo isto bizarro e não compreendem.
Repetir gestos e palavras a fim de celebrar o amor faz sentido. Quando alguém que amamos nos deixa, é bom que dêmos vida ao que nos deu. Coloquemos em prática o melhor que nos ensinou, sigamos o seu exemplo, no que a sua vida teve de melhor. Celebraremos assim a sua vida, dando-lhe vida e sendo. Construiremos para nós uma vida com raízes, referências e fundamentos.
Quantas vezes não nos apercebemos dos males que repetimos, da quantidade de coisas sem sentido que fazemos... algumas vezes para nos distrairmos de nós e do mundo, outras porque julgamos muito importante aquilo que não tem importância nenhuma...
Uma refeição em comum deveria ser um momento sagrado para qualquer família. Longe dos mares por onde cada um navega.
Deveria ser a celebração do encontro, como uma ilha onde se misturam com sabedoria os passados, presentes e futuros de cada um.
Um silêncio, uma troca de olhares, uma lágrima ou um sorriso é mais do que o suficiente para que duas pessoas expressem o seu amor.
E porque mais do que as palavras ficam os gestos, a missão de ser pai e mãe passa por combater o egoísmo. Dando com a sua vida o exemplo de como se voa, mesmo quando tudo pesa. De como se diz a verdade, mesmo que cause prejuízo. De como se ama, mesmo quando esse amor nos faz sofrer. Um tesouro tão rico quanto útil.
Os filhos repetirão esses gestos, tantas vezes sem perceberem quem lhos ensinou... alguns chegarão muito mais longe, quando perceberem que a sua missão começa onde a dos pais acabou.

José Luís Nunes Martins, in 'O Rosário para Crentes e Não-Crentes'




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