Cesare Pavese
Itália
9 Set 1908 // 26 Ago 1950
Escritor
9 Set 1908 // 26 Ago 1950
Escritor
O Cansaço da Literatura
Entre os sinais que me avisam de que a juventude terminou, o principal é aperceber-me de que a literatura já não me interessa verdadeiramente. Quero dizer que já não abro os livros com aquela viva e ansiosa esperança de coisas espirituais que, apesar de tudo, outrora sentia. Leio e quereria ler cada vez mais, mas já não recebo as várias experiências com entusiasmo, já não as fundo num sereno tumulto pré-poético. A mesma coisa acontece-me ao passear por Turim; já não sinto a cidade como um incentivo sentimental e simbólico para a criação. Já está feito, dá-me vontade de responder de cada vez.
Tomadas em justa conta as minhas várias equimoses, obsessões, fadigas e terrenos estéreis, resulta claro que já não sinto a vida como uma descoberta e, muito menos, então, como poesia - mas, antes, como um frio material para especulações, análises e deveres. Aqui encalha, agora, a minha vida: a política, a prática, tudo coisas que se aprendem nos livros, mas os livros não alimentam como o faz, pelo contrário, a esperança de criação.
Ora, quando novo, procurava um sistema ético: descoberta a posição do impassível explorador, vivia-a e desfrutava-a sob a forma de criação. Agora, que deixei definitivamente de a desfrutar sob a forma de criação, apercebo-me de que não serve, sequer, para viver.
Eis um grave dilema: perdi tempo, até agora, ao escolher a poesia, ou o estado actual é premissa de mais profunda e vital criação?
Cesare Pavese, in "O Ofício de Viver"
Tomadas em justa conta as minhas várias equimoses, obsessões, fadigas e terrenos estéreis, resulta claro que já não sinto a vida como uma descoberta e, muito menos, então, como poesia - mas, antes, como um frio material para especulações, análises e deveres. Aqui encalha, agora, a minha vida: a política, a prática, tudo coisas que se aprendem nos livros, mas os livros não alimentam como o faz, pelo contrário, a esperança de criação.
Ora, quando novo, procurava um sistema ético: descoberta a posição do impassível explorador, vivia-a e desfrutava-a sob a forma de criação. Agora, que deixei definitivamente de a desfrutar sob a forma de criação, apercebo-me de que não serve, sequer, para viver.
Eis um grave dilema: perdi tempo, até agora, ao escolher a poesia, ou o estado actual é premissa de mais profunda e vital criação?
Cesare Pavese, in "O Ofício de Viver"
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1. Maior Prazer Dar que Receber
2. A Lamentação é Completamente Inútil
3. A Imaginação Humana é Imensamente Mais Pobre que a Realidade
4. A Única Alegria Neste Mundo é a de Começar
5. O Castigo do Egoísta
6. É Preciso Procurar uma Só Coisa para Encontrar Muitas
7. O Rápido Passar do Tempo é Sinal de Inactividade
8. O Respeito Humano é Mais Forte do que a Consciência
9. Os Práticos e os Contemplativos
10. Apenas nas Crises Atingimos as Nossas Profundezas
11. Desarmar e Esgotar o Sofrimento
12. Sofrer Para Nada Serve
13. Dar Significado ao Tempo
14. As Desvantagens das Nossas Paixões
15. O Paradoxo da Sociedade totalmente Livre
16. A Desventura Máxima é a Solidão
17. Todos os Prazeres Terminam pelo Enfartamento
18. Existir Eficazmente
19. A Ira Nunca é Súbita
20. A Arte de Viver
... Ver todos os 32 textos
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