Miguel Torga

Portugal
12 Ago 1907 // 17 Jan 1995
Escritor/Poeta

Publicidade

69 Citações

<< >>

Há livros que são no mundo como almas penadas. Andam, andam, tropeçam através de séculos pela obscuridade e pelo sofrimento, até que um dia apareça alguém que os tire do limbo do esquecimento. E isto, parecendo que não, dá esperança...

Diário (1942)
As coisas do instinto e da natureza têm este condão: não envelhecem. Passa a filosofia mais transcendental, esgota-se o livro mais profundo. Mas é com um viço cada vez mais promissor que regressam as verdades simples e naturais.

Diário (1946)
Até que ponto é o artista um anormal, não sei nem quero saber. A anormalidade nunca me meteu medo, se é criadora. Agora até que ponto o homem normal combate o artista e o quer destruir, já me interessa. A normalidade causou-me sempre um grande pavor, exactamente porque é destruidora.

Diário (1948)
Publicidade
Onde começará a minha liberdade de pessoa e acabará o meu dever de artista?

Diário (1947)
Enchi com frequência uma página de lamúrias, quando na verdade estava cheio de força e de alegria.

Diário (1946)
O que eu queria da vida era um pouco de saúde, a ver se conseguia acabar de compor com livros meus uma travesseira capaz, onde um dia pudesse encostar a cabeça e morrer...

Diário (1942)
Publicidade

Que no mundo seja possível um homem fazer uma pintura na China e no tempo de qualquer Ming, e essa mesma pintura, mil anos depois, esteja no outro polo a comover os olhos de alguém — é de a gente se ajoelhar e beijar de gratidão a terra que nos pariu.

Diário (1941)
Quando um homem tem dentro de si uma verdade que quer ouvidos, até peixes lhe servem para auditório. Santo António que o diga...

Diário (1941)
Muito grande e muito belo é um homem quando se despe e se mostra todo! O que nos degrada, diminui e apouca, não é sermos pequenos; é não termos dos nossos defeitos a consciência inteira. Sermos somíticos e não nos apercebermos disso; sermos burros, e não darmos conta; gostarmos da «Viúva Alegre», e andarmos convencidos de que gostamos de Stravinski.

Diário (1948)
O artista de agora, se quiser persistir, tem de ser um homem de acção. — Mas que acção? Ajudar a construir um mundo que o nega? Ajudar a destruir um mundo onde ele próprio já não vive? A acção dum artista é fazer a sua obra.

Diário (1948)
<< >>
 
Publicidade

Publicidade

© Copyright 2003-2025 Citador - Todos os direitos reservados | SOBRE O SITE