Quadras

por: Florbela Espanca
Portugal
8 Dez 1894 // 8 Dez 1930
Poetisa

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36 Citações

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Quem na vida tem amores
Não pode viver contente,
É sempre triste o olhar
Daquele que muito sente.
Quando o teu olhar infindo
Poisa no meu, quase a medo,
Temo que alguém adivinhe
O nosso casto segredo.

Logo minha alma descansa;
Por saber que nunca alguém
Pode imaginar o fogo
Que o teu frio olhar contém.
Tanto ódio e tanto amor
Na minha alma contenho;
Mas o ódio inda é maior
Que o doido amor que te tenho

Odeio teu doce sorriso,
Odeio o teu lindo olhar,
E ainda mais a minha alma
Por tanto e tanto te amar!
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Dizem-me que te não queira
Que tens, nos olhos, traição.
Ai, ensinem-me a maneira
De dar leis ao coração!
Eu sei que me tens amor,
Bem o leio no teu olhar,
O amor quando é sentido
Não se pode disfarçar.

Os olhos são indiscretos,
Revelam tudo que sentem,
Podem mentir os teus lábios,
Os olhos, esses, não mentem.
Quando o olvido vier
Teu amor amortalhar,
Quero a minha triste vida,
Na mesma cova, enterrar.
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Meu coração, inundado
Pela luz do teu olhar,
Dorme quieto como um lírio,
Banhado pelo luar.
Digo para mim quando oiço
O teu lindo riso franco,
"São seus lábios espalhando,
As folhas dum lírio branco".
Andam pombas assustadas
No teu olhar, adejando,
Mal sentem os meus olhos,
Batem as asas, voando.
Esmaguei meu coração
Para o triste te esquecer,
Mas ao sentir os teus passos,
Põe-se a bater... a bater...
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